Sclaveni é a maior cidade da cordilheira, e a maior concentração da etnia anã
shardokan no império. Fica nas Montanhas Malhadas, que tem esse nome por
causa do contraste entre a neve e as plantações pretas. O clima alpino
ao longo do ano torna o gelo e o
pykrete materiais comuns para
construção tal qual pedra, enquanto madeira é um luxo para poucos. Os
nativos pensam em zero graus como algo ameno, e o recorde de vinte graus
trinta anos atrás ainda alimenta conversas. O que mais chama na atenção
na paisagem é uma geleira enorme, quase rachada em duas, na encosta da
montanha que sombreia a cidade. Aqui os locais mineram granito, enxofre,
carvão, colhem gelo e a matéria-prima única daqui,
gelo eterno, que nunca
derrete. Este material fantástico permite a criação de câmaras frias
para alimentos, produção de gelo império afora, sorvete e resfriamento
para palácios nobres e guerreiros lutando em armaduras pesadas.
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Estrangeiros ficam tão assombrados com o frio, neve e o ar rarefeito
quanto a disposição shardokan em ignorar as desvantagens, citando o
"lado bom disso tudo" e que "isso não é problema se você é um de nós". |
Agricultura e pecuária na terra da neve sem fim
As plantas locais só crescem no frio, nas pedras e nas alturas.
Muitas são escuras, absorvendo mais luz do que vegetais verdes e
exalando calor no inverno. A neve derrete rapidamente nos "bosques
negros", que chegam a ser trinta graus mais quentes que o campo aberto.
Nas altitudes geladas, esses bosques servem como oásis onde alguém pode
encontrar água líquida. Os anões produzem "tapetes" de líquen negro,
nabos e pomares de cactos-negros. Terraplanam encostas, escavam
trincheiras e erguem muros para bloquear o vento e criar bolsões onde é
menos frio que os arredores: uma agricultura profundamente anã, que
exige tradições de engenharia e pedras cortadas com precisão geométrica.
Rebanhos de bois-almiscarados pastam líquens por todo o
planalto, forncendo carne, leite, couro e cordas (apesar do nome e
tamanho, são um tipo de cabra montanhesa). Um ingrediente raro e luxuoso
na gastronomia local são as salamandras-de-sclav. Elas ficam ativas
durante um terço do ano, se enterrando e congelando durante o restante. É
possível deixar uma delas em um bloco de gelo durante anos, escavá-la e
vê-la voltar à vida quando exposta ao calor.
Primeira Subida
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Cheias do rio Nabia muitas vezes incluem placas de gelo esmagadoras. |
Para chegar a Sclaveni, desce-se subir o rio
Nabia por mais de mil quilômetros a partir de
Tyrintha, até ele deixar
de ser navegável. A partir daí, segue-se pela
Via dos Obeliscos Negros, que
servem para indicar o caminho e amarrar cordas durante tempestades.
Quando o caminho estreita até ter quatro metros de largura e o grande rio nortenho
não for mais do que um riacho, significa que você está a algumas horas ou dias de
distância, dependendo das ventanias e da neve. A esta altura, os poucos
vales em que passar são dominados por labirintos de pedra negra onde os
shardokan criam plantas escuras. As ravinas fortificadas em diversos pontos formam gargalos onde dezenas podem bloquear exércitos inteiros.
A maior parte da população sclaveniana, cerca de trinta mil no total, fica em um vale no formato de um anfiteatro. O terreno plano é usado para
plantações, com alguns galpões e celeiros na forma de domos de pykrete.
Avalanches e pedras cadentes são infrequentes e desastrosas, então as
casas se empilham sob as encostas íngremes ao redor, e expandidas rocha adentro. Algumas são interligadas por túneis que são mais usados durante nevascas. Lares costumam ter dois aposentos: a sala que também funciona como
quarto e cozinha; um quarto secundário que alguém usam quando precisam
de privacidade dos demais, também acomodando hóspedes.
Segunda Subida
Entre o vale agrícola e a geleira existe um
vale suspenso em forma de bacia coberto pelo lago
Dragomir. Na época de degelo,
ele transborda e forma a cachoeira
Karzel, que desce uma encosta enclinada
como se fosse uma enorme cortina de água. Esta é a nascente do rio
Nabia.
Durante o inverno, a
geleira de Sclaveni fica inacessível. O vale e a mina estão apenas a
três quilômetros um do outro, mas é uma distância vertical tão
intransponível quanto o oceano, especialmente quando as nuvens, as
tempestades de neve ou a noite escondem a geleira. Os mineradores
continuam a extrair gelo, carvão e pirita, estocando-os onde antes havia
lenha, comida, água, samogon e outras necessidades trazidas durante o
verão. Uma única chama é mantida dia e noite para mostrar que alguém
continua vivo lá em cima, embora para alguns, vê-la só torna a saudade
mais afiada.
Geleira Zakhrapel Ispolin
É dificil se
acostumar aos rangidos e estalos da geleira, 24 horas por dia, sete dias
por semana. Os tremores e movimentos nos obrigam a renovar os túneis e
pontes nas fendas o tempo todo, usando água e serragem para fazer
escoras de pykrete. A gente se acostuma, mas viver e dormir aqui é como
estar dentro de um gigante em hibernação, inquieto e roncando. Tanto que
o nome da geleira significa "o titã que ronca". - Muitos mineiros tratam a geleira como um ser vivo.
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Extração de gelo é uma verdadeira indústria na geleira e seus arredores. |
A ravina no
centro da geleira tem diversas passarelas de pykrete ligando túneis na
metade sul com suas contrapartes na metade norte. Abaixo das passarelas
passam as correntes do telégrafo que sobe mercadorias e comida do vale e
desce o gelo, gelo eterno e minérios extraídos diariamente da geleira e
rochedos vizinhos. O terminal superior parece um porto com as suas
sacadas de madeira, cheias de estalactites de gelo e sustentadas por
toras congeladas. O terminal inferior é um galpão ligado a um moinho
d'água enorme que move as correntes, mas depende da neve derretendo
durante o verão para funcionar.
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Gelo eterno tem um tom de safira inconfundível em relação a gelo mundano. |
São dezenas de quilômetros de
túneis e poços se aprofundando na geleira, buscando os veios de gelo que
nunca derrete e os minerais valiosos na encosta da montanha. E a cada
ano outros tantos quilômetros são escavados enquanto os que já existem
se tornam galpões, casas, salões, templos e até uma casa de banho sempre
cheia que foi feita a partir de uma fonte termal. Aqui pode-se descartar quilos de roupa, aquecer o nariz e
salivar com a expectativa dos ovos que cozinham em uma tigela no
próprio banho quente.
Equinócio de Primavera
Existe uma tradição repetida todo fim de
inverno, tanto no vale quanto na geleira: as pessoas se reúnem e xingam o
próprio inverno como se fosse um demônio, a fim de afugentá-lo e trazer
a querida primavera o mais cedo possível. Alguns até dissociam Corallin
do inverno e pensam nele como obra de Carnifex, reservando à deusa
apenas as épocas agradáveis. A chegada da primavera traz um frenesi de
alívio e festa, quando os mineradores reencontram as suas famílias,
descarregam toneladas de trabalho duro feito por dedos entorpecidos e
buscam ficar quentes de toda maneira que puderem. Ocorre um festival que
inclui arremesso de toras, duelos musicais e oferendas aos ancestrais
na forma de destilados acesos em catacumbas e necrópoles.
Outras coisas interessantes incluem:
O quartel-general de madeira vermelha dos
Belaya Smert. Inclui dormitórios e áreas de tiro ao alvo, mas o importante é a oficina onde armas de fogo tem o seu cano raiado. Junto com lunetas, isto dobra o alcance de mosquetes e pistolas. Apenas membros da ordem recebem este privilégio de graça, qualquer outro deve pagar o dobro do custo da arma a ser melhorada.
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Petra Neva Iedenik, a rainha do gelo
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A grande comerciante que monopoliza a exportação dos produtos daqui. O seu palácio é um enorme iglu de pykrete em volta de uma torre de granito, com uma cúpula bulbosa colorida. Ela
possui um jardim em uma caverna sob a sua torre: cristais
de gelo exuberantes como
flocos de neve tecidos por grandes aranhas; e tão delicadas que uma
brisa poderia desfazê-las. O prédio inclui uma fábrica de sabão, onde gordura extraída dia e noite dos trolls presos é misturada com pinho e cinzas. O couro troll também é usado para fazer pergaminhos que se regeneram exceto caso danificados com ácido ou fogo. Times de caçadores de trolls partem daqui para capturar mais destas
bestas, recebendo recompensas proporcionais ao tamanho e saúde do troll capturado.