Sabe, nós tivemos essa dúvida quando redesenvolvemos o cenário. Uma
língua básica é importante para evitar incomodações na mesa, outras
línguas são importantes para gerar obstáculos e confusões engraçadas,
sotaques estranhos e conversas secretas.
Mas não gostavámos da ideia de criar uma língua, nunca foi algo que
consideramos interessante. Certo dia, o cenário Tormenta deu a
inspiração. Lá, o inglês é um dialeto anão, uma desculpa para termos um
"Bloodaxe" ou "Brankson" sem parecer estranho. E nos ocorreu de, em vez
de inventar línguas, usar as que existem. Elas já estão total e
naturalmente desenvolvidas, e jogadores podem sabê-las ou aprendê-las
para incrementar o seu personagem. Por exemplo, um cara que saiba um
pouco de alemão pode colocar termos e expressões que façam as falas do
personagem mais interessantes e dramáticas, outro cara pode aprender
algumas pronúncias no youtube e disparar latim gratuito só para o
personagem soar mais culto. Quase toda a interação "in-/off-game" é
falada, qualquer mesa interessada teria muitas oportunidades de usar
isso.
Aí surgiram outras
questões: quais línguas? Quem as fala? Decidimos brincar com os
estereótipos. Em fantasia medieval, elfos e sua cultura costumam
influenciar os povos humanos, soarem arrogantes e sofisticados, terem
vozes melodiosas e não serem valorizados como uma raça combativa;
franceses e sua cultura influenciaram toda a Europa e também o Brasil. O
francês é visto como prepotente, refinado e romântico. As mulheres
francesas são estimadas por serem belas e delgadas, tal qual elfas. E,
também sofrem de uma ideia de serem péssimos na guerra. Os dois
estereótipos tem vários paralelos (e preconceitos, razões, fundamentos
reais e exageros*), então o idioma "élfico" de Atma é o francês.
E o resto seguiu essa linha. O extinto Império Amaranto falava latim.
Seus sucessores falam português (império do norte) e italiano (Lega
Groura), descendentes do latim na vida real. Thorakitai falam grego,
shardokan e Kurskianos falam russo, Khejal fala tanto árabe quanto
hindu, Kosinbia fala suaíle, Hommona fala chinês, Nanpuu fala japonês,
Kavaja fala castelhano, Komatai falam basco, Technogestalt fala alemão, e
Abalm fala inglês. Nós cuidamos para que o desenvolvimento linguístico
em Atma fosse parecido com a vida real, embora aposto que deve parecer
mal-feito para um linguista. Por exemplo, o inglês nasceu da mistura de
línguas germânicas e latinas, além de pegar todo tipo de palavra
emprestada aqui e ali. Portanto, Abalm fala inglês por ter sido um lugar
onde refugiados de Technogestalt (germânico) encontraram imigrantes de
Sarba (latino). E por ser o centro comercial mundial, acaba por absorver
um pouco de todo idioma, e é tão comum no mundo de Ghara quanto na vida
real.
*Existe algo chamado "Síndrome de Paris", um conjunto de sintomas psiquiátricos causados por choque cultural. Uma das razões seria a contradição entre o que é idealizado pelo turista e a realidade. Fantasias são uma coisa impressionante, não acha?
Acho fantástica essa ideia. Tanto que também usei em meu cenário, mas ainda não o esmiucei.
ResponderExcluirObrigado. O teu cenário tem um nome?
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