domingo, 15 de outubro de 2017

Heresias e os Limites dos Deuses




     Heresia não é uma preocupação dos cultos dedicados aos diversos deuses do panteão nortenho. A maioria dos sacerdotes se dedica a ser o intermediário entre mortais e todos os deuses. A minoria que devota de um único deus e recebe poderes em troca, os clérigos, dificilmente seguem uma crença única e padronizada. Em último caso, se um deus não gosta de algo que alguém fez, essa pessoa acba sabendo cedo ou tarde.

     Um exemplo da falta de consenso nas crenças dos servos divinos é em relação à extensão dos sentidos dos deuses. Todos eles enxergam tudo? Ou será que apenas Diveus consegue fazê-lo? Mas se ele é o deus-sol, não é limitado pelas sombras, a noite e a escuridão? Corallin sente  o que acontece com os seres vivos nos oceanos de Nyxcilla? Será o olfato de Palpaleos mais aguçado? Terá Carnifícius uma audição que capta qualquer coração parando de bater ou até o silêncio no peito de um morto-vivo? E as mãos de Ourgos? São elas as mais sensíveis entre as mãos divinas para melhor perceber ranhuras microscópicas em uma lâmina, ou os calos fortes como pedra impedem sensações mais leves do que o choque de metal contra metal e o calor de bronze líquido? Estas são questões que nem alguém capaz de questionar um deus em pessoa consegue uma resposta. Sejam quais forem os limites dos deuses, eles não querem que os mortais saibam quais são. Talvez por medo, desconfiança, ou simplesmente porque, assim como mortais, não confessam livremente as suas fraquezas a qualquer um.

     Existe algo em que todos concordam: nomes tem poder. Proferir os nomes dos deuses atrai a atenção dos mesmos. É por isso que juramentos de lealdade e sessões do senado invocam "Diveus"; preocupações com a colheita por vir e a falta de saúde incluem "Corallin"; medo da morte faz alguém evitar dizer "Carnifícius". Se for necessário, use os muitos títulos e alcunhas que cada deus possui: "Ataraxio", "Matador-de-si-Mesmo", "Dona da Terra Oculta", "Tallarxo Magnus", "Aquele".

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