sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Fadas de Ghara



     Já se perguntou porque os contos de fadas sempre têm os dois elementos constantes, a floresta encantada e um narrador onisciente? Quase ninguém em Ghara sabe, mas é porque isto reflete os reis feéricos chamados Entes Reais. Quando se trata de fadas, tudo começa e termina com os Entes Reais. O nome diz respeito tanto à sua posição entre fadas quanto ao fato de que são seres capazes de existir por conta própria: as demais fadas são pouco mais que ilusões até conseguirem alguma fonte de prana ou mana.

      Entes Reais conseguem assumir uma forma em que as suas raízes se espalham e manipulam as plantas ao redor. Frutas ficam venenosas ou doces além dos sentidos; feromônios mexem com os instintos dos animais pequenos e grandes; raízes podem agarrar ou chicotear ou até massagear; árvores se desenraízam, ganhando mobilidade e poder. Além disso, toda a mata vira uma extensão dos sentidos e poderes mágicos do Ente. Isto lhe permite usar toda a extensão dos poderes manipulativos chamados de Narração Ente. Em qualquer ponto, alguém pode ver e ouvir coisas que não existem. Mas basta acreditar nelas que ganham substância, nutrindo a sua forma física do prana que lhes é dirigido por mortais e seus sentimentos. E tenha cuidado com o seu nome quando estiver ali dentro. Toda a magia envolvendo o controle de alguém através de seu nome verdadeiro deriva da Narração Ente.

      Estas criaturas de inúmeras formas e aparências que ganharam consistência são o que mortais chamam de fadas. Elas são submissas à vontade do Ente Real que pode lhes fazer sumir quando quiser. Impedidas de viver, nascer ou morrer, ou se conformam ou descontam a sua fúria nos intrusos. Foi este estase que motivou os ancestrais dos sultões gênios e elfos a escapar de Numéria, onde cada centímetro quadrado é coberto de vegetação sob controle dos Entes Reais. Lá, o controle é tão poderoso que o próprio tempo e espaço seguem a Narração dos Entes. 

      Entes Reais abominam a civilização. Fadas são tão variadas quanto os Entes podem imaginar, mas a escrita tem o poder de cristalizar muitas opções no que está escrito. Os diversos catálogos feéricos escritos pelos feidralin não são apenas informativos, mas uma forma de limitar o poder dos Entes em criar ilusões com forças e fraquezas conhecidas: dríades, kelpies, cavaleiros verdes, pixies etc. Agentes feéricos buscam eliminar certos materiais escritos para perder tais limites. O outro produto da civilização que os Entes odeiam é o ferro. Pás, enxadas, machados e outras ferramentas desmataram a maior parte do tapete verde que cobria o continente de Sarba. Além disso, o sangue dos descendentes dos Inimagináveis tem um poder especial: misturado ao ferro e aço, cria o dito "ferro-frio", um material encantado que causa ferimentos terríveis em fadas. O metal feérico "mitril" é um equivalente criado pelos Entes para que os seus agentes estejam bem equipados quando lutam contra os mortais.

      Houve um tempo em que toda Sarba era como Numéria, os mortais agora dominantes condenados a viver em refúgios e com medo. Isto acabou quando os Inimagináveis vieram e nutriram o próprio conceito de civilização. O Ciclo Heroico viu Numéria reduzida ao território atual. Milhares de anos se passaram, mas os Entes e as fadas lembram de como eram fortes. A grande maioria, concentrada em Numéria, quer ser assim de novo. Eles cultivam ódios e ressentimentos em relação aos Inimagináveis, aos elfos e até aos mortais desde então. A sua reação começou há muito tempo atrás e pode levar eras até dar resultado, mas eles tem todo o tempo do mundo.

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