Grande nortenho do oeste, que os deuses que você depende
abençoem sua chegada! Vocês adoram doze ou quatorze deles, não? Bem
vindo a Khejal, onde podemos realizar os seus desejos e garantir os seus
temores.
Nossa história é deveras grandiosa e
longuíssima como as serpentes de Khejal, e aprendê-la exige dedicação
tamanha que muitos de nossos sábios acabam dominando serpentes em vez de
história. Para suas necessidades, a simplificarei:
Éramos tantos ou mais quanto somos agora, mas
limitados por Numéria, na época em que Numéria terminava aonde os
desertos de água surgiam. Dajjal, maldito sejam suas unhas-chicote de
areia, guerreou com fadas e mortais por razões mesquinhas, e invocou as
devastações de Vritra, querendo negar o paraíso de Dilmun a todos. Os
Saptarishi o mataram e desmembraram, mas a desgraça foi feita, como
atesta a desertificação que cresce a cada ano.
Confuso Não? Na época, mais ainda, tanto que
distraiu os Entes Reais, e nós, pudemos experimentar com cálamos de
vidro, luz do sol e magia, para derreter todo aquele pó de adamante
meteórico no ar, usando-o como tinta com a qual caligrafamos nossas
quintessências nos registros elementares que descrevem este mundo,
assinando-os num contrato independente das restrições numérias. Este ato
é a razão de seu nome simplório para nós ser “gênios”, além de nossa
sagacidade e astúcia naturais.
Mas todo contrato tem seus termos, e o mundo
de Ghara impôs alguns sobre nossa liberdade. Quase a amaldiçoamos como
Dajjal, cujo olho direito de rubi que definha o que vê um dia definhará
em frente a um espelho de manufatura khejali, mas já sabíamos destilar
fortuna de desgraças desde então, como um bom aguardente de coco. O
magnífico elefante seria nossa salvação. Seu corpanzil consegue
sustentar o ritual necessário, digerindo os excessos tóxicos de magia no
deserto, e acumular em seu couro o pó de adamante que corrói a tudo e
todos nas tempestades de areia. Assim viajam até tornarem-se pesados
demais, seu couro endurecendo em tons metálicos, seu marfim
cristalizando-se em bismuto arcano. Este desenvolvimento larval culmina
nos domos palacianos que vocês apelidaram de thupas, onde as duplas
presas iridescentes atraem adorações devidas até eclodir a futura manada
que nos permitirá viajar além deste mundo. Nossa capital demonstrou a
viabilidade deste projeto, e assim será. Para assegurar este objetivo,
criamos as glórias da civilização khejali, suas castas e atribuições.
Infelizmente, os melhores locais para as
thupas estão ocupados pelos oásis feéricos remanescentes, por isto
destroçamos suas miragens protetoras e massacramos seus defensores
selvagens, aqueles elfos nabâtu tão inquietos frente à civilização e
insensíveis a nossos infortúnios.
Mas vamos ao que interessa. Lhe garanto
artigos impossíveis em suas terras. Algumas de nossas ampulhetas
realizam maravilhas após serem viradas, tal como reverter um erro severo
ou três. Temos lunetas capazes de visualizar o passado, em diversos
alcances e amplitudes. Penas mestiças de roc e estínfalo dispensam o
restante da flecha. Mandalas de quartzo e khejalita para amplificar
rituais. Alguns djinni criminosos aprisionados em lamparinas estão
disponíveis no estoque, mas seja rápido antes que o prazo da lei me
force a jogá-los ao mar, pois lendas terríveis derivam de tais atos. E
nossos preços são tão maravilhosos como nossas modéstias! Para aqueles
que não dispõem de ouro, pechinchas são possíveis. Por exemplo,
aceitamos a servidão vitalícia de um descendente. Poucas décadas atrás,
vendi tamanhos tesouros que o cliente parcelou o pagamento em trinta
prestações, um primogênito de minha escolha a cada geração. Como negar o tesouro oferecido que é o futuro de uma família?
Seus desejos serão realizados, meu amigo
nortenho do oeste! Agora vá embora, tenho um duelo sobre o dorso de
elefantes ao entardecer, e depois uma concubina Yakshini robusta a
gritar meus nomes. Todos eles, por isso ela precisa ser robusta, as
magrinhas não tem o devido fôlego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário