sábado, 4 de novembro de 2017

Frota Carcerária

Uma das razões para usar navios velhos como prisões é para tentar livrar as margens nos arredores da capital de cascos abandonados. Eles sempre acabam tornando-se cortiços imundos e antros de miseráveis.


     Um porto movimentado como o distrito de Byrsa resulta na passagem diária de diversas dezenas de navios, barcos e balsas. Acidentes, desgaste e danos resultam em diversos cascos capazes de pouco além de flutuar em águas calmas. Encalhados de propósito nos bancos de areia que cercam um rochedo no centro do lago, são convertidos em prisões flutuantes sob vigia da torre no cume da rocha. Assim, dezenas de cascos acomodam milhares de criminosos em condições deploráveis. Cascos lotados são vendidos a um feudo ou colônia necessitando de mão-de-obra escrava. Nestes casos, serão diretamente rebocados até seu destino, ainda incerto mas um avanço em relação a passar os dias tentando pescar pelas grades da portinhola. A mortalidade é alta. Os prisioneiros devem entregar os corpos para prevenir epidemias, canibalismo e que façam armas dos ossos. E caso joguem-nos na lagoa, sempre há a chance de que se tornem mortos-vivos. As autoridades municipais dizem que isto é a razão de haver tantos zumbis nos esgotos e o ocasional corpo à deriva perto do porto. As condições lá dentro são inumanas: o ar é tão fétido que corpos não são percebidos pelo cheiro antes de dez dias de decomposição. Apesar disso, a ideia vem se espalhando: outras metrópoles com grandes portos vêm acomodando mendigos, loucos, indesejáveis como os rúnicos e escravos em cascos reformados. O culto de Melúcia, deusa do amor, beleza e prazer, espera fazer com que o próprio Diveus, deus da justiça, intervenha nestas condições dignas de Neftul.


Durante uma conversão quase tudo além do casco é removido, velas, cordas e mastros. Mesmo se uma revolta tiver sucesso  o navio ficará imóvel, tendo que escolher entre se render ou ser bombardeado.

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