Estrangeiro nortenho do oeste, aprenda sobre nós e evitará
novas cicatrizes. Os elfos nabâtu se organizam em tribos, uma para cada oásis
feérico que restou da devastação que criou este deserto à sua volta.
Cada uma se identifica por seu totem, assim como o totem define os tons
de nossa pele. A tribo do cabelo de palmeira é do coco marrom, a tribo
da arara de jade um verde reluzente, a tribo do camaleão tímido, quem
sabe dizer? E há a tribo do camarão da areia, do mel fervente, do
escorpião-chibata, da lacraia-hidra, do cacto cristalino, somos mais
numerosos que você imagina.
Apenas os merecedores poderão ver estas cores, como rivais,
familiares e amantes. Para tal, nos cobrimos de tecidos e sais, que por
acaso são úteis contra o calor do deserto, tamanha a perspicácia de
nossa sorte. Alguns exibidos vestem apenas um roupão e nada mais, e
rapidamente se despem em frente a qualquer oponente com meia espada,
para fascínio de seus folhetins. Para que possamos ser identificados,
respeitados e temidos, usamos nossos cocares sobre véus e capuzes, nos
padrões e materiais típicos de cada oásis.
Lutamos com muitas coisas contra muitas coisas, por isso
nossas armas sagradas consistem de cabos ocos, nos quais guardamos pós,
especiarias e ossos com propriedades especiais. Destes cabos fazemos
cajados, espadas, flechas. Nossos campeões tem direito a carregar
diversos destes ingredientes, e aprendem receitas poderosas. Nossos
mestres são aqueles que abdicam de tais receitas e sabem preparar ou até
improvisar combinações inéditas, mesmo que por acidente.
As variedades feéricas de raízes, ervas, frutas e especiarias
em nossos oásis são muito apreciadas por magos e alquimistas, e pelos
paladares entediados dos nossos primos feidralin. Como os khejali
patrulham o deserto com tapetes voadores, nossas caravanas se ocultam em
miragens. Nossos marimbondos possuem corpo achatado e colorido
metálico, pernas laminadas para deslizar pela areia, asas propelidas
pelo vento, a grande para velocidade e a menor para agilidade, élitros
que acomodam ditas asas em tempestades de areia. Assim conseguem servir
como batedores à frente dos demais. Para evitar incidentes, guardas
montados em solífugos gigantes vigiam os flancos dos enormes opiliões de
carga. Estos últimos são muito importantes pelas ovas laranjas que
trazem, bastante nutritivas e suculentas. E as protuberâncias de quartzo
nas pernas, que quando se friccionam geram as ilusões estáticas que
enganam até o faro dos gnolls que os sultões empregam.
Todos estes planos e artifícios garantem a segurança de
nossos lares, moldados em areia, sal e seiva, quase tão belos quanto um
rebento sendo amamentado. Me perdoe, estou com saudades, meu filho já
deve ter nascido a esta altura, e o fim da viagem está tão próximo, a
primeira que faço sem minha esposa desde que nos conhecemos. Se a sua
captura ter sido o fator decisivo que me impediu de acompanhar o parto,
prometo que meu filho caçará o seu por minha honra, a dele, e a sua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário