quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Sogdia, Cidade dos Marfins




     Esta cidade khejali é o maior entreposto comercial da Rota do Marfim. Mercadorias do continente inteiro podem ser encontradas aqui: gemas preciosas, especiarias, armaduras de adamante, pigmentos raros, poções únicas e incontáveis outros produtos. A localização é excelente: fica nas terras altas das quais nascem os rios Papura e Taxila. Estes levam, respectivamente, à Baía de Dajjal e à Baía das Cinzas. O rio Taxila inclusive é a maneira mais rápida de transportar pessoas e mercadorias através do deserto. 

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Byggnadskonsten%2C_Fornegyptiska_boningshus%2C_Nordisk_familjebok.png    Os cerca de cento e setenta mil habitantes se espremem em uma meseta rochosa que se ergue acima de um cânion. O calor define a arquitetura local: minaretes de adobe possuem cata-ventos que puxam água de cisternas profundas ligadas a qanats; construções de teto alto e pintadas de branco flanqueiam ruas estreitas e semicobertas com tecidos coloridos; tavernas e cafeterias ficam nos porões onde é fresco; os ricos se refrigeram com gelo eterno vindo de Sclaveni. A cidade é bem protegida. Muralhas grossas, bombardas e portões protegidos por qapukulus intimidam quase todas as ameaças.

    Os habitantes contam que a cidade foi fundada onde antes havia um zigurate de Dajjal. A história é corroborada pelas Catacumbas de Krodha, cujas paredes e teto são marcados por gotas de alvenaria parcialmente derretida. Dajjal teria literalmente suado calores dignos de fornalhas após saber de uma derrota. No passado, foram parcialmente convertidas em cisternas sem serem devidamente exploradas, o que talvez seja a razão da água ser amarga e salgada. Apelidada de "suor de Dajjal", os poucos poços ainda ligados a estas cisternas foram mantidos por que a água é muito consumida como remédio para problemas digestivos. Como dizem em Sogdia, "é profana para a língua, mas muito pior para os vermes na barriga".


     Os lugares mais interessantes são:
  1. Grão-Bazaar: Uma enorme coleção de tendas, quiosques, barracas e carroças se concentra neste espaço encoberto para vender praticamente todo e qualquer produto existente no continente, de papiro e aço a escravos e elefantes. A qualquer momento do dia ou da noite, hão inúmeros comerciantes, clientes, aventureiros além de artistas, comitivas de fiscais, profetas de esquina, faquires e mendigos. 
  2. Sijjad, vendedor de tapetes. As castas altas e nobres estrangeiros apreciam tanto os padrões coloridos dos tapetes comuns quanto a conveniência dos tapetes flutuantes que carregam coisas e seguem o dono.
  3. A biblioteca de Shamilah Alahzred, vendedora de livros, papiros e pergaminhos, especialmente os raros. Obcecada por leitura, coleciona textos raros e só vende algo por necessidade financeira, preferindo trocar as suas leituras por outras que nunca tenha lido.
  4. Jannah'Latif é um feiticeiro que vende a felicidade através de câmaras ilusórias que simulam os desejos do cliente.
  5. Aqui fica Adiba'Adn ("Paraíso dos Bem-educados"), uma casa de banho e cafeteria acessível apenas a aqueles que podem pagar.
  6. Esta é a clínica de Avicenna, um elfo médico, mago, alquimista e polímata que usou sua longa vida para estudar a biologia dos seres vivos. Dizem que ele é capaz de realizar milagres sem a intervenção dos deuses.
  7. A forja da anã Yusraa, a mais conhecida ferreira khejali. Ela e seus aprendizes trabalham e moram aqui, onde forjam as melhores armas e armaduras da cidade, e possivelmente do califado. O prédio tem a forma de um elefante enorme, coberto de placas polidas de ferro, cujo reflexo pode ser visto de longe, com a tromba fazendo o papel de chaminé. Seu filho, Mekwah, comercializa os produtos. Além de todo tipo de arma e armadura mundana, ela sempre possui material exótico para aqueles que podem pagar, como cerâmica resistente a calor e escamas de pangolim atroz. Ela é a única ferreira conhecida com permissão de usar marfim em armas e armaduras. Não faltam rumores sobre como ela adquiriu tamanha liberdade.
  8. O maior pedreiro de Khejal, Hajar Sakhra, reside aqui. Sua casa-oficina é talhada a partir de um único bloco de mármore vermelho. Desde casas a corpos de golens, Hajar diz que pode talhar qualquer pedra em qualquer objeto.
  9. Afrah Abir é a dona da taverna e destilaria Dajjal’Araq, que produz e vende a bebida mais forte da cidade, arak, uma aguardente feita de anis. O odor forte afasta a vizinhança, mas atrai a todos os apreciadores. Afrah permite que qualquer um que possa pagar possa entrar, algo que atrai tanta clientela quanto afasta.
  10. Estes são os estábulos de Muhr Allaq. Aqui, Muhr vende e compra cavalos e camelos, em uma construção de sete andares. Os estábulos também possuem espaços para aqueles que querem garantir os melhores cuidados para seu cavalo, camelo ou elefante enquanto estiver ocupado. Nas cercanias da cidade, Muhr tem uma fazenda onde cria cavalos de corrida e guerra, oferecendo aulas de equitação a preços exorbitantes.
  11. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/ac/Ayatul_Kursi-6inchx300dpi.jpg/640px-Ayatul_Kursi-6inchx300dpi.jpgBasílica Colossal Hayati'Allah: Um templo-anfiteatro com capacidade para dez mil pessoas, cujo interior é coberto por um domo de vidro colorido arranjado em um mosaico de caligrafia zoomórfica. Construído com pedras de mármore branco, fiéis poliram os blocos ao longo dos séculos de tal maneira que apena o olho mais sagaz pode notar onde uma pedra termina e outra começa. Há diferentes seções reservadas a cada casta, com a importância decidindo a proximidade do centro. As missas khejali são diferenciadas, grandes espetáculos de música, dança e teatro interpretando as realizações do deus sendo celebrado.

12. O palácio-fortaleza Mubarak fica em uma colina daonde pode-se ver toda a cidade. Os blocos de basalto com que foi construído são todos caligrafados pelo sultão, criando efeitos e proteções mágicas que ele pode ativar quando quiser. O capitão da guarda é  Salah A-Din Rostam, o Defensor, conhecido no sultanato como "o guerreiro mais civilizado do continente", e pela casta askari como "o comandante que abraçou uma granada para proteger os seus homens, e então continuou a comandar a batalha, sendo vitorioso". Nashamuska, o gênio sultão de Sogdia, geralmente assume a forma de um grande homem com cabeça de leão e um garboso bigode ondulado que desce até a sua cintura. Quando deixa o palácio, o faz em uma biga negra com rodas eternamente em chamas, puxada por dois elefantes com pinturas brancas e azuis. Ele próprio fiscaliza pesos e medidas usados em sua cidade: as devidas percentagens de ouro nas moedas; que o quilo tenha mil gramas; que os pranômetros calculem o valor exato de um terço de alma. Nashamuska permite mesmo este tipo de comércio, cedendo meios para que mortais troquem, apostem e transplantem as próprias forças vitais. E sempre cobrando um décimo. O sultão acumulou uma fortuna em pedaços de alma, ninguém sabe dizer porquê. 

 
Os Jardins Suspensos de Sogdia

Uma das maravilhas das terras khejali. Os terraços são esplêndidos de se ver: chão de alabastro, sacadas de tijolos azuis, pilares de granito negro e azulejos de prata. Todo tipo de planta, arbusto, árvore e vinha. Escolhidos tanto pela beleza quanto pela utilidade. Pode-se encontrar desde a flor de fern até o lótus púrpura, do fungo solar até o cordeiro vegetal tártaro. E os jardineiros-eunucos do sultão enxertam e criam muitos híbridos que não podem ser encontrados em nenhum outro lugar.

Não bastasse isso, os Jardins são uma fortaleza com muralhas, um canal que serve de fosso, torres de vigia e muitos guardas eunucos cuidando do que pode ser um tesouro ainda maior: o harém do sultão. Concubinas e concubinos de todas as nações podem ser encontrados aqui, ansiando pela chance de serem usados como hospedeiros da essência de Nashamuska.

Por baixo de toda essa beleza ficam mecanismos complexos que puxam água do subterrâneo para irrigar as plantas, assim como encher as piscinas e cisternas do harém. Não se sabe o que move os mecanismos: os sogdianos cochicham sobre um sultão-escravo que canta para que as engrenagens se mexam; outros clamam que eles conseguem ouvir os lamentos de gigantes acorrentados; uns poucos dizem que se trata de um "simples sistema" que transfere força de moinhos de vento a quilômetros de distãncia.

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