segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Sacrofísica 2 - Criação da sacrofísica e fundação de Abalm

Uma coisa sobre o grande Vexille, é que, bem, como-é-que-digo-isso, ele era ingênuo. Muito ingênuo. Ele sempre tinha boas intenções, mas não planejava bem como chegar nelas. Só que ele conseguia assim mesmo. Uma vez, duas vezes, diversas vezes. E ele chegou em um ponto em que havia realizado façanhas poderosas, ajudado a derrotar os nefilims e tudo o mais. E ele viu o arquipélago onde os nefilims haviam consumido e desmantelado o que havia, e decidiu que iria repará-lo. Mais uma vez, boas intenções misturadas com uma certa falta de noção do desafio. Só que, agora, ele era uma das pessoas mais poderosas do mundo, capaz de realizar suas maiores ambições. Mas enquanto Lucian e outros queriam conquistar e obter mais e mais, ele quis restaurar o que estava ruim.

E assim, mais uma vez, Vexille, sem saber, conseguiu reparar uma ferida no planeta que poderia tê-lo destruído. Descobriu que os nefilins queriam comer as próprias linhas de ley entre as pessoas, e através do rombo que eles deixaram, conseguiu acessá-la, ver como aquilo poderia facilitar futuras invasões. E simplesmente pensou que, se o problema era a falta de relações, bastava trazer pessoas. Imigrantes sustentados pelo poder bruto dele, costurando os rasgos na realidade apenas se encontrando, tendo brigas e paixões. Magos ostentando cicatrizes, comerciantes interessados em explorar essa rede para sustentar uma nação sem recursos, e sacerdotes marcados pelo horror da invasão. Fundaram uma cidade, transformaram a fenda efêmera deixada pelos nefilins em uma rede mágica de comunicação e transporte por toda Ghara. Tornaram-se intermediários de mercadorias, pessoas, ideias e valores. Criaram usinas onde a água marinha é separada em sal puro, água e magia, e assim exportaram sal, sustentaram seu povo, e fundaram a região mais fortemente mágica de Ghara, Abalm.

Codificaram o que Vexille aprendeu na sacrofísica, e com ela criaram sacrocomputadores, a raça gasosa welkiin, as leyships, e finalmente o elevador orbital que conduz até o Anel de Ghara, onde mineram adamante, lutam contra Orlem, eliminam infestações de nefilims e estudam como manufaturar sonhos. Chamaram a rede que descobriram de Malha de Ley, o que corre nela de prana, e descobriram que no fundo do mundo, gostar do seu vizinho altera a realidade. Que cada alma e cada sentimento é filtrado no interior do Sol, o mana excedente levado e disseminado pela Lua, e que os níveis divinos da Criação são tão vivos e dinâmicos como o oceano. Desculpa, eu falei besteira: o oceano é que um equivalente fraquinho da vida e dinamismo da Criação.

Imagine tudo isso, só por que alguém passou pelo horror e achou que precisava ser melhor. Eu, eu, eu... Desculpa, eu fiquei meio emocionada, é que, sabe? Lembro-me que ele disse uma vez para alguém reclamando que o mundo não era justo. Ele respondeu: Com certeza não é. Por isso que as pessoas precisam ser .

Abalm é isso. Entre tantas chances das coisas darem errado, em um único caso, elas deram certo, muitas e muitas vezes. Talvez depois de sofrer o pior, nefilins e pragas e Neftul, Ghara reagiu e fez o seu melhor, não sei. O que eu sei é que chegamos. Espero que aproveite a sua estadia, a maga aqui é especialista em implementar maldições terapeuticas.

-Camilla Gulval, gondoleira-aprendiz na metrópole de Abalm.

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