quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Serra da Sangria


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     Localizada ao noroeste da Necrópole de Ashbel, é um lugar notório por:

    Um penhasco de rocha negra com manchas rubras, como se alguém tivesse lacerado a própria terra. Como se não bastasse, a imaginação do visitante é ainda mais estimulada quando ele percebe que a ponte usada para cruzar o desfiladeiro foi feita a partir de uma espada larga o suficiente para caminharem três pessoas lado a lado. Os habitantes estão acostumados, dizendo que a espada já estava lá antes mesmo do império existir. Ninguém sabe a sua origem ou razão de ser, mas não faltam suposições: a lâmina em forma de tábua sugere uma origem primordial, mas a falta de ferrugem e qualidade do aço intriga ferreiros; alguns contam que a montanha é um monstro de pedra posto para hibernar através de um golpe desferido pela espada, e juram que o desfiladeiro fica um pouco menor a cada década, pois é um ferimento em lenta regeneração; outros insinuam que os ancestrais compactuaram com diabos para conseguir uma ponte que permitisse chegar nos veios de minérios vermelhos.

Empunhar a nossa ponte? Mas que tolice! Os goblinoides tentaram na Batalha das Talheres. Usaram dois dinossauros enormes e pescoçudos mas não conseguiram mover a espadona, nem um centímetro sequer! O barão aproveitou a distração para disparar uma bombarda cheia de, bem, de tudo! Talheres vindas deste balcão onde você está sentado; pedaços de tijolos das casas destruídas; dentes e ossos extraídos de dinossauros que os hobgoblins usaram contra nós... tudo! O importante é que deu certo. Os bichos ficaram em pânico quando o estrondo reverberou pelo cânion e a chuva de coisas os feriram. Aí um bateu no outro, cordas presas à ponte se romperam e chicotearam goblins desfiladeiro abaixo, um espetáculo! Você não faz ideia do desastre que tantas toneladas de carne em debandada fazem em um exército. Arruinou o cerco deles. Depois, boa parte da cidade foi carnear dinossauros pisoteados, incluindo a minha pessoa. O pernil que servi na taverna aquela noite tinha gosto de vitória. Que só foi possível graças às minhas talheres!
-Willam Juba Ruiva, contando a sua história favorita. De novo. Quando ele se entusiasma, começa a rodopiar o misto de bengala e tacape que fez a partir do osso do dito pernil. Ele diz que "já que uma das feras levou o meu pé, achei justo ficar com isto em troca".

     A cidade de Sangria existe para extrair cinábrio. Este minério, apelidado de "sangue de dragão", é valioso para tinturas vermelhas e como fonte de mercúrio enviado império afora. Se a produção anual de mil toneladas parasse, paralisaria incontáveis garimpos de ouro e prata. Isto resultaria em um colapso econômico de proporções incalculáveis. É por isso que a população de cinquenta mil habitantes (metade são criminosos e escravos) está sob a guarda dos Alabardeiros Falknerianos e outras tropas do barão Falkner: a própria cor de suas armaduras vermelhas simboliza o dever de guardar esta mercadoria estratégica. 

      Sangria tem muitas atividades decorrentes da mineração. Fornalhas administradas por alquimistas de dedos trêmulos e sanidade volúvel destilam mercúrio puro; ferreiros forjam garrafas para transportá-lo; ourives fabricam grandes jóias no estilo "coração-de-dragão" com ouro e os cristais de cinábrio.

  


     A praça da cidade é tão saturada de mercadorias e ornamentações em tons de vermelho vivo que a cor perde o seu impacto e chama ainda mais a atenção da fonte de granito negro onde verte mercúrio ao invés de água. Os locais sentam na borda e olham os próprios reflexos enquanto seguram xícaras rubras que enchem com chá do bule flutuando no metal líquido.


    A população anã não é suficiente para minerar a demanda por cinábrio. Boa parte das minas a céu aberto usam criminosos ao erodir escarpas inteiras à base de jorros d'água de alta pressão, canalizada de cisternas trezentos metros morro acima. Um exército de prisioneiros desfaz a colina de lodo e pedras resultante e carrega o minério para ser moído por martelos hidraúlicos em galpões. Os anões detestam ver uma atividade tão importante sendo feita por criminosos, usando a taverna Juba Ruiva como ponto de encontro para os esforços em atrair mais imigrantes anões e encerrar essa "mancha de vergonha na alma vermelha de Sangria". A taverna serve muitas bebidas, desde cidras e conhaques élficos até a imensidão de opções anãs. A opção mais conhecida é o “Punho da Babuskha”, assim chamado porque derruba você de uma vez sem errar. É de graça, pois cobrar algo de um suicida não é uma atitude decente. Se a pessoa sobreviver, aí sim o taverneiro exige o seu pagamento. Quase todos acabam acordando dentro de dois dias, apenas para ouvir o taverneiro, um shardokan chamado Willam, exigir pagamento pela bebida, cama e carregar o sujeito desacordado. Willam é notável pela barba ruiva pintada, um elmo que tenta esconder a calvície, o tacape/bengala feito de um grande fêmur, sempre estar tão ou mais embriagado que os clientes e um sotaque quase incompreensível.

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