Habitantes de aldeias não dependem de dinheiro para trocar coisas entre si, pois não há tanto dinheiro assim disponível. Nem mesmo escambo, pois não se pode garantir a grande coincidência de duas pessoas terem exatamente o que a outra precisa em quantidades equivalentes. Tudo funciona na base de uma espécie de confiança, débito mútuo e trocas de favores. O pescador divide os peixes com outros, que por sua vez vão dar-lhe coisas como um chapéu ou cordas no futuro. Quem não participa ou deixa de honrar favores acaba sendo um pária que não pode contar com o pão do vizinho quando as suas conservas estragam. O chefe da aldeia é especialmente importante porque arbitra atritos como quando alguém precisa de algo e outro que tem não quer dar o necessário. Poucos aldeões vão de fato lidar com dinheiro. Em uma aldeia com cem pessoas, é provável que apenas o chefe tenha moedas. Ele as usa para negociar com viajantes, aventureiros e quaisquer outras pessoas estranhas que precisam de algo mas não podem garantir um bom favor futuro, conseguindo coisas que a aldeia precisa, embora seja provável que misture necessidades pessoais no processo. Esse sistema funciona em números pequenos o suficiente que todos se conhecem pessoalmente. Talvez até funcione entre chefes de aldeias diferentes e comerciantes com rotas regulares. Em cidades e metrópoles, dinheiro se torna indispensável no dia-a-dia e é mais provável que alguém de fato receba moedas ao invés de promessas. Contudo, vizinhanças, distritos e bairros dentro das cidades ainda podem manter o sistema de obrigações mútuas das aldeias.
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
Obrigações mútuas
Habitantes de aldeias não dependem de dinheiro para trocar coisas entre si, pois não há tanto dinheiro assim disponível. Nem mesmo escambo, pois não se pode garantir a grande coincidência de duas pessoas terem exatamente o que a outra precisa em quantidades equivalentes. Tudo funciona na base de uma espécie de confiança, débito mútuo e trocas de favores. O pescador divide os peixes com outros, que por sua vez vão dar-lhe coisas como um chapéu ou cordas no futuro. Quem não participa ou deixa de honrar favores acaba sendo um pária que não pode contar com o pão do vizinho quando as suas conservas estragam. O chefe da aldeia é especialmente importante porque arbitra atritos como quando alguém precisa de algo e outro que tem não quer dar o necessário. Poucos aldeões vão de fato lidar com dinheiro. Em uma aldeia com cem pessoas, é provável que apenas o chefe tenha moedas. Ele as usa para negociar com viajantes, aventureiros e quaisquer outras pessoas estranhas que precisam de algo mas não podem garantir um bom favor futuro, conseguindo coisas que a aldeia precisa, embora seja provável que misture necessidades pessoais no processo. Esse sistema funciona em números pequenos o suficiente que todos se conhecem pessoalmente. Talvez até funcione entre chefes de aldeias diferentes e comerciantes com rotas regulares. Em cidades e metrópoles, dinheiro se torna indispensável no dia-a-dia e é mais provável que alguém de fato receba moedas ao invés de promessas. Contudo, vizinhanças, distritos e bairros dentro das cidades ainda podem manter o sistema de obrigações mútuas das aldeias.
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